domingo, 29 de janeiro de 2017

LA MITAD DEL MUNDO


Minha primeira experiência de viagem na América do Sul foi para o Equador. Tenho que dizer que sentia um certo receio de turistar pelos nossos vizinhos, por questões de segurança principalmente. Mas constatei que eu estava enganada (ainda bem!). Já havia estado na Europa e no Canadá, então a minha referência de segurança estava um tanto alta, considerando esses lugares. Mas poxa! Sou brasileira né! E, na minha opinião, brasileiro é safo em qualquer lugar do mundo. E nosso país, infelizmente, não é exemplo de segurança pra ninguém. Mas o empurrãozinho que faltava para partir para essa viagem foi o convite de um amigo que estava morando em Quito. Já era a segurança que eu precisava!
Além da minha primeira vez visitando um país da América do Sul, foi também a primeira vez em contato com altas altitudes. A capital, Quito, fica mais ou menos a 2.850m do nível do mar. Bem alto considerando que Cuiabá está a apenas 160m. Praticamente nível do mar, sem mar por aqui. (risos) Programei a viagem de uma semana no Equador. Quando cheguei, era meio de semana e meu amigo estava trabalhando, precisava me virar sozinha nos primeiros dias. Ele deixou uma caixa de chá de coca ao meu dispor, um dos recursos mais populares para tentar rebater os efeitos da altitude, me deu algumas coordenadas, e foi bem fácil pois ele estava morando num lugar próximo ao centro histórico, e estando no centro já há bastante o que ver e fazer. Como cheguei perto da hora do almoço, tirei o resto do dia para descansar, acostumar com a altitude e começar desbravar a cidade no dia seguinte.
Meus dias começavam tomando meu chá de coca, meu café da manhã e só então partia para explorar. Opa, ladeira abaixo tranquilo, já nas subidas faltava o fôlego. E não tem um palmo plano naquela cidade! Engraçado foi ver uma nativa, com uma criança amarrada nas costas, um cesto na cabeça e subindo a ladeira sem esboçar qualquer sofrimento......tudo é uma questão de genética e adaptação! Infelizmente não tenho foto. Primeiro saí apenas para fazer um reconhecimento. Não levei minha máquina fotográfica, que é um pouco grande, preferi sentir a vibe do lugar antes de me expor. Ou você sairia de cara com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço em plena Praça da Sé em São Paulo? Acho que não né... ainda mais sozinha.
Quito é uma cidade grande como outra qualquer. Com seu centro histórico, com a parte dos prédios modernos (área onde fica o escritório que meu amigo trabalhava), com shopping centers, parques, praças e um transporte público bastante organizado. Curiosamente, a moeda utilizada no Equador é o Dólar americano. E mesmo sendo dólar, achei tudo muito barato por lá. O passe do coletivo custava centavos de dólar. Tudo bem que estive lá em 2011, e o câmbio naquela época estava bem mais favorável pra quem ganha em R$ e quer gastar em USD. Mas ainda sim, considerando a cotação de hoje, a conversão continuaria convidativa.
No centro visitei a Plaza de Armas (toda cidade da américa espanhola que visitei até hoje tem uma praça com esse nome!). De frente para essa praça fica o palácio do Governo, onde o presidente Rafael Correa dá o ar da graça uma vez por semana. Hasteiam a bandeira, uma fanfarra toca o hino e ele faz um breve discurso. Foi nesse dia que aproveitei pra ir com a minha câmera e tirar algumas fotos. A praça estava lotada de pessoas, sendo locais e turistas, mas o policiamento também era ostensivo. Perto dessa praça também ficam algumas igrejas e a Companhia de Jesus. Outra coisa que só vejo na América do Sul, inclusive no Brasil: cobrança de entrada para visitar as igrejas. Acho o cúmulo do absurdo!!! Não são a casa de Deus?! Enfim, é uma opinião muito particular e geralmente me recuso entrar nas igrejas que taxam a visitação.
Na praça de São Francisco fica a Igreja da Companhia de Jesus, única que decidi visitar, pagando, claro. A propaganda era que seu altar e interior eram completamente folheados a ouro. Realmente belíssima, mas não eram permitidas fotografias. Ouvi dizer que é muito procurada para casamentos, ocasião única que permitem fotografar. Mas pelo que li, a grande maioria das igrejas por lá são adornadas com ouro, herança da época da colonização espanhola. No entorno dessa praça e nas adjacências também há bastante comércio, com ótimas oportunidades para comprar souvenires (sim, sou dessas que adora comprar lembrancinhas para a família e os amigos). Também há bastante gente vendendo comida na rua, papas fritas, carne de porco frita, frutillas e até porquinho da Índia assado, que eles chamam de “cuy”. Sinceramente, não tive coragem de experimentar. Quando era criança tive dois porquinhos desses de estimação, então não foi muito legal vê-los no espeto. É algo da cultura deles, criam para comer, assim como criamos galinha, por exemplo.
Durante a minha estada em quito, visitei também o Museu Guyasamin que fica na casa onde viveu esse artista Equatoriano, lá é possível conhecer a casa e seu acervo pessoal exposto com peças de arte Pré-colombiana e arte sacra. O mesmo ingresso dá direito a visitar a Capilla del Hombre, museu onde estão expostas obras do artista Oswaldo Guayasamin, ambas recomendações do meu amigo que é Belga e tão turista quanto eu. Gostei mais da parte de arte Pré-colombiana.
Ainda em Quito, mas já um pouco afastado do centro da cidade, fica La Mitad del Mundo. Fui de transporte público mesmo, 1h30 de percurso mais ou menos. O lugar é uma espécie de parque onde existe um monumento que foi erguido no lugar em que se acreditava que a linha do Equador passava. No local também fica o Museu Etnográfico de La Mitad del Mundo, um museu sobre os povos nativos do Equador. Não visitei o museu, mas o parque é um lugar legal para passear, bater umas fotos em cima da linha do Equador e almoçar.
A noite Quiteña é agitada. Fomos a uma apresentação no Teatro Sucre, que é o teatro Municipal de Quito, um prédio antigo, muito bonito. A atração da noite era uma violoncelista Canadense. Uma das noites fomos jantar no Bairro La Mariscal, confesso não me recordo o nome do restaurante, mas esse é o bairro onde ficam concentrados os bares, restaurantes e bistrôs da cidade, e tem para todo tipo de público e bolso. Um lugar que gostei muito foi a Calle de La Ronda,  uma pequena e estreita rua no centro histórico de Quito, que já foi lugar da Aristocracia, depois cracolândia e que foi recuperada e hoje ganhou vida novamente com bares e um comércio tradicional. A noite músicos populares tocam nas calçadas e servem o Canelaço. Uma espécie de caldo-de-cana (garapa) quente e alcóolico. Uma delícia, ainda mais que em Quito é sempre friozinho durante a noite. Não posso esquecer a “empanadita” que também experimentei por lá. Eles chamam empanadita, mas é maior que uma pizza gigante! Essa empanada nada mais é que uma massa de pastel frita e salpicada com açúcar e canela, mas sem recheio.
Equador também é o país dos vulcões, mas isso é assunto para o próximo post. J





quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

QUEM CONVERTE NÃO SE DIVERTE


Achou uma tarifa imperdível para o destino dos seus sonhos e comprou as passagens?! Parabéns!!! Você verá que tão bom quanto o prazer de viajar será o prazer de planejar essa viagem. E é nesse momento que irão surgir dúvidas. Um monte delas! E uma das dúvidas bastante recorrentes para quem pretende viajar, principalmente para o exterior, é saber quanto dinheiro levar. Repito: tudo depende da aventura que você está disposto a embarcar. A frase-título tem seu fundo de verdade, pois se você ficar paranoico com o dinheiro vai acabar não se divertindo. Por isso é importante planejar, fazer um “boneco” do roteiro que pretende seguir e dos lugares que pretende conhecer/visitar, quanto custa cada uma dessas coisas,  para chegar na hora não ficar a ver navios. Para nós brasileiros, eu sei que é complicado em alguns momentos, principalmente se você pensar que uma baguette (pequena!) na França pode custar 4 Euros, ou seja, quase 15 reais, é um absurdo.

Contudo, hoje o acesso a informação é muito fácil, é só dar um Google e pronto. Uma infinidade de sites com uma avalanche de informações para sua viagem. Muito fácil viajar bem e barato não é mesmo? A primeira vez que fui para Europa, em 2005, o acesso à internet ainda não era tão fácil e difundido como é hoje, acho até que a gente mesmo não sabia usar direito a rede, então o que me ajudou muito foi o Guia Criativo do Viajante Independente da Europa. Um Guia de viagens, impresso, sobre a Europa que ganhei da minha mãe. E foi a nossa bíblia nessa viagem. O guia falava não apenas do que visitar, onde se hospedar e o que comer na Europa, mas também  estava recheado com essas dicas básicas e valiosas que todo marinheiro de primeira viagem precisa.

A orientação que recebi, e repasso, para o quesito dinheiro foi: considere que você precisa levar 100 Euros para cada dia de viagem. Portanto, se você vai viajar por 7 dias, são 700 Euros, no mínimo. E eu pude comprovar na prática, realmente funciona! Claro, funciona desde que você esteja disposto a se hospedar em albergues ou Airbnb (este ainda não experimentei, por isso nem vou me aprofundar muito por enquanto, mas já verifiquei que é hospedagem de baixo custo e muito elogiada!), se locomover com o transporte público, e não se importar de não fazer as refeições nos top 10 restaurantes da cidade. Você topando isso, não tem como dar errado. Os albergues naquele miolo da Europa (França, Alemanha, Itália e Suíça) costumam ser mais caros que os do Leste Europeu e da Península Ibérica. O custo benefício nas cidades do interior também é melhor pois nos grandes centros eles enfiam a faca mesmo. Simulemos então a despesa em um dia de viagem, imaginando que você está indo para Europa e considerando preços médios aproximados em Euros:

Ø  Hospedagem - Albergue - opção quarto coletivo com café da manhã: EU25,00
A maioria dos albergues oferece opções de quartos coletivos (4, 6, 8, 12 pessoas – enfim, n possibilidades) ou privativos. Os quartos coletivos podem ser mistos ou separados por gênero. Os quartos privativos sempre são um pouco mais caros que os coletivos. Já os banheiros podem ser dentro ou fora do quartos. Isso varia muito de um albergue para outro e influi no valor da diária. A grande maioria deles oferece café da manhã, que já está incluso na tarifa. Pra quem nunca se hospedou em albergue é importante pontuar que quem arruma sua cama é você. Arruma quando chega e desarruma quando vai embora. Quando você faz o check-in já te entregam um kit com lençol, sobre lençol, fronha e capa para o edredom. E no check-out você já leva o kit todo e joga no cesto de roupa suja que está ali por perto da recepção. Nos quartos é disponibilizado um armário por pessoa e que você pode trancar com cadeado. Anota aí, esse é um item importante para não esquecer de colocar na mala. Claro que nem sempre os Albergues são um mar de rosas, embora eu possa dizer que foram poucas as más experiências que tive. O que pode dar errado? Seu colega de quarto roncar muito alto, o seu colega de quarto estar gripado e tossindo a noite toda e você correr o risco de ficar doente também (eu fiquei!), o banheiro não ser tão limpinho como deveria, enfim...essas foram algumas das situações chatas que passei, mas nada que tenha acabado com as minhas férias.

Ø  Transporte – Trem/Tram/Ônibus/Metrô: EU15,00 
Os grandes centros geralmente oferecem facilidades para que você utilize o transporte público. Até porque esse é o melhor meio de transporte por lá. Sempre tem uma estação de Metrô perto dos grandes monumentos, museus, parques....e se por acaso não tiver metrô tem o ônibus. É comum que você ache para comprar uns “cards” que te dão direito a utilizar todo o tipo de transporte por 24h. Na primeira usada você valida esse ticket e pode usar por 1 dia. Os metrôs geralmente são divididos por setores, e quanto mais longe do centro da cidade for o lugar que você pretende chegar, pode acarretar alteração  no valor da tarifa desse cartão. Acho muito prático. E sempre sai mais barato do que você comprar uma passagem a cada vez que utilizar o transporte.

Ø  Refeição - Almoço e Jantar: EU15,00 por refeição.
Sempre digo que comida na Europa é coisa cara. As opções mais baratas costumam ser os fast-foods, mas ninguém merece comer essas porcarias a viagem toda né!? Há quem goste, eu sei, mas acho importante provar as especiarias locais. O ideal mesmo é variar entre, fast-foods, comidas de rua e algum restaurante ou buteco tradicional do lugar. Economizando de um lado dá pra fazer extravagância de outro. Tenha em mente que, quanto mais turístico o lugar, tudo tende a ser mais caro. Por exemplo, se você for a Munique, não pode deixar de ir a Hofbräuhaus. Lugar super popular entre os turistas. Um chopp de 500 ml é uns 7 euros, e um prato simples pra acompanhar com salsicha, batata e chucrute fica algo entre 25 e 30 euros. Deu pra sentir a diferença né? Mas indo a Paris, não deixe de experimentar a batata frita do McDonald´s de lá, é perfeita!!! (risos)

Então somando, até agora temos:

100
Euros/dia
-25
Hospedagem
-15
Transporte
-30
Almoço e Jantar
30


Note que ainda nos restam 30 euros! O que fazer com eles? Primeiro de tudo e não menos importante, é pagar os banheiros públicos. Tenho certeza que você vai precisar de um em algum momento da viagem e todos são pagos. Dá para pagar também a entrada daquele museu que você quer tanto visitar, ou do parque que você viu na revista e não pode perder, pode ainda comprar um souvenir para sua mãe, fazer um passeio de barco que você viu num filme ou, por que não, fazer aquela extravagância! ;)

Salud!

sábado, 7 de janeiro de 2017

PANTANAL - PORTO JOFRE

Uma das muitas pontes de madeira da Transpantaneira
É claro que o Pantanal Mato-grossense oferece inúmeras outras opções e o que falamos até aqui é só uma pequena apresentação dessas infinitas possibilidades. Se você ainda não leu os dois últimos posts, volta lá rapidinho e confira o que falei sobre passeios para época de seca e cheia do Pantanal.
Capivaras na Transpantaneira
O Pantanal é um destino que atrai bastante turistas estrangeiros, principalmente de julho a setembro, que é o período de férias de verão no hemisfério norte. E um passeio que está sendo muito procurado atualmente é para o Porto Jofre com a promessa de ver a onça pintada em seu habitat natural. Recentemente saiu inclusive uma reportagem na revista de bordo da GOL falando sobre o assunto. Confesso, NUNCA dei de cara com uma onça. Novembro passado um amigo meu de Curitiba esteve na região e me convidou para uma excursão que ele participaria com um fotógrafo profissional de natureza. O objetivo era fotografar a onça e eles obtiveram sucesso na missão! Temos bastante feriados prolongados em 2017, quem sabe num desses pego a onça no flagra.
Rio Cuiabá - Porto Jofre
Mesmo não tendo visto o maior felino das Américas, já estive passeando pela região do Porto Jofre, que é fim da linha da Rodovia Transpantaneira. Fica a aproximadamente 250 km de Cuiabá, sendo que mais da metade do caminho não é asfaltado. Novamente era um feriadão de Corpus Christi, um amigo meu de Minas Gerais veio fazer uma visita e disse que queria pescar. Convoquei meus dois pescadores de plantão (pai e irmão) e partimos. Tivemos sorte, apesar de ainda não ter encerrado completamente a estação das chuvas, a estrada não estava ruim. De tempos em tempos passam máquinas para dar uma ajeitada na pista. E eu também havia me informado sobre as condições da estrada com o pessoal da pousada onde nos hospedamos. A viagem transcorreu tranquila.
Araraúna
Novamente nossas acomodações eram bem simples, mas o chuveiro era quente e as camas confortáveis. A pousada fica às margens do Rio Cuiabá. Chegamos na quarta-feira à noite, jantamos e logo fomos descansar, pois madrugaríamos para a pescaria no dia seguinte. Como o pessoal lá de casa gosta de pescar, temos toda a “traia” de pesca. Mas para o caso daqueles que não possuem, é possível alugar na pousada. Assim como também alugam barcos e vendem iscas. Como não há cidade perto, a pousada oferece pensão completa.  Lá foi possível experimentar o famoso caldo de piranha, peixe frito, peixe ensopado, sashimi de piranha e até carne de jacaré!
Pescadores
Na manhã seguinte, acordamos com a algazarra das araras azuis nas palmeiras em frente nosso quarto. Elas adoram comer os coquinhos dessas palmeiras e não se assustam com as pessoas, é possível chegar bem próximo e fotografar. Tomamos um café da manhã reforçado, pegamos as tralhas e seguimos rio acima. E assim foi por 3 dias. Não fomos os pescadores mais sortudos, infelizmente também há dias que o rio não está pra peixes. Mas sempre há a paisagem para admirar, muitos animais e depois muitas histórias para contar. Acho que foi nessa ida ao Pantanal que nos deparamos com a maior quantidade de insetos. Em um dos dias, ficamos pescando até o final da tarde, horário preferido dos pernilongos, e fomos atacados! Pra vocês terem uma ideia, eles picavam por cima da calça jeans! Foi tenso. Os micuins também deram o ar da graça, mesmo com meia, calça e botina, os danadinhos chegaram nas minhas canelas. Isso dá uma coceira que, quanto mais você coça, mas coceira dá! (risos). Eles ficam escondidos naquelas graminhas perto da beira do rio.
Jacaré
Outro fato marcante dessa expedição aconteceu na primeira manhã. Após o café, quando estávamos pegando as tralhas no porta-malas do carro, por descuido meu irmão que-ri-do trancou a chave do carro dentro do porta-malas. Eu precisava comentar pois é motivo de zuação até hoje. E agora, né? A cidade mais próxima estava a 150 km dali, que é Poconé, chave reserva somente em Cuiabá e quebrar um dos vidros a princípio não era uma opção, já que teríamos que voltar pra casa em estrada de terra..... pronto, acabou nossa pescaria!  Maaaaaaas, todos da pousada se solidarizaram com a nossa situação, hóspedes, funcionários, enfim, todo mundo queria achar uma forma de ajudar. E achamos. Um dos hóspedes, tinha uma técnica para arrombar, quero dizer, abrir o carro sem destruir nada. Material para o arrombamento? O que havia de sobra por lá: linha de pesca. Só sei que o cara pegou a linha, fez um laço, de modo que ficasse um alça e passou pela fresta de uma das portas. A ideia era enroscar aquela alça na alavanca que abre a porta por dentro do carro, para puxar e abrir. Não sei se vocês conseguiram visualizar o que eu descrevi, só sei que deu certo. Mas não pensem vocês que foi rápido não, foi mais de hora tentando enganchar na alavanca. Somente depois disso conseguimos seguir para nosso primeiro dia de pescaria.
Arara e eu
No domingo pela manhã iniciamos nosso retorno a Cuiabá. Como no dia da ida já era noite, aproveitamos a volta para observar os animais na beira da Transpantaneira. Fizemos pausa para o almoço naquele mesmo hotel na beira do rio Pixaim (vide post anterior) e lá tivemos a oportunidade de interagir com uma arara, que é mansa e mora por ali. Linda! Chegamos em Cuiabá no final do dia.
Curtiu? E a sua visita ao Pantanal, quando será? J

 
Pôr-do-sol no Pantanal
 


Biguá secando as asas


Portal da Transpantaneira


Zico - O jacaré do Portal

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

TÁ NERVOSO? VAI PESCAR!


Bem diferente da seca, a época de cheia no Pantanal é a fase em que a vegetação está mais exuberante, e há água para todo lado. Alguns lugares o acesso fica restrito apenas às embarcações e a Transpantaneira pode ficar intransitável com tantos atoleiros ou interditada quando a água sobe demais.

Barco-hotel Santa Cruz
E se existe água em abundância, a sugestão é conhecer o Pantanal pelo meio de transporte mais adequado a esse ambiente: o BARCO. Existem várias opções de barco-hotel. Seja no Pantanal de Poconé, seja no Pantanal via Cáceres. E existem também várias categorias de barcos, dos luxuosos aos mais simples. A minha experiência foi num feriadão de Corpus Christi, portanto 4 dias embarcada. Uma van nos levou de Cuiabá até oPorto Jofre (km 147 na Transpantaneira) na quarta-feira à noite e já dormimos no barco. O barco não navega durante a noite, então zarpamos apenas no outro dia cedo. Nosso destino final rio acima era Porto Cercado, onde fica o Hotel Sesc Pantanal. Mas o que fazer 4 dias embarcado? Além de admirar a natureza, PESCAR é claro! Junto com o barco-hotel seguem vários piloteiros e várias “voadeiras”, que são aqueles barcos de alumínio com motor de popa. O barco que alugamos atendia quatro pessoas: Piloteiro mais 3.
As acomodações do nosso barco-hotel eram muito simples, mas confortáveis. Cabines com dois beliches cada e banheiro compartilhado com os hóspedes das demais cabines. Mas todos são equipados com ar condicionado (muito importante!) e telas-mosquiteiro nas janelas. Dica de sobrevivência: mantenha a porta dos quartos fechada se não quiser ser devorado pelos mosquitos durante a noite. E já aviso, eles vêm em nuvens! O barco que pegamos tinha 3 andares. Os quartos ficam no térreo. No primeiro andar fica o refeitório e a cozinha e no segundo andar o terraço, onde é claro, passamos boa parte do tempo apreciando as paisagens.
O rio que percorremos é o Rio Cuiabá. Mas no percurso passamos por vários afluentes e vários corixos e baías, que são os melhores lugares para pescar e é para onde as voadeiras levam os ansiosos pescadores. Se você não é da região e está se perguntando o que é corixo, eu explico: Corixo é um termo usado em Hidrografia que significa um canal que liga as águas de lagoas, baías, alagados com os rios próximos, ou seja, é um pequeno rio que se forma e vem desaguar em outro rio maior. São muito comuns na Amazônia e no Pantanal mato-grossense. Maio, quando estivemos lá era o momento da vazante, que acontece após grande período de cheia nos rios doPantanal, período no qual os leitos dos rios baixam e começam aparecer os corixos, ou baías, que retêm grande quantidade de peixes. Um banquete para as aves concentradas nessas regiões. (obrigada Wikipedia e Dicionário Informal pela ajuda).
Pescadores desde criancinhas....:P
Passamos também pelo Rio Piquiri, um dos famosos rios do Pantanal e afluente do rio Cuiabá. Enquanto o barco-hotel segue viagem, lentamente, os pescadores saem com as voadeiras para explorar os corixos e esses afluentes que estão pelo caminho. Piranha é o peixe certo para se pegar no pantanal, mas os mais sortudos e experientes conseguem com certeza os peixes mais nobres, como Dourados, Pintados, Pacus, Caxaras, Piraputangas e outros. Não fui das mais sortudas, o maior que peguei foi um Jaú, mas ainda fora da medida, e devolvemos o bichinho para o rio. Tanto a voadeira, o piloteiro, as iscas, tudo é possível comprar/alugar. E o nosso piloteiro, Zico, ficou tão brother que colocava as tuviras no anzol pra mim. Sim, cada peixe tem seu “petisco” preferido, que geralmente são as minhocas, tuviras, caranguejinhos, lambaris, etc. E existe também a opção de iscas artificiais que são capazes de iludir alguns peixinhos, como a Cachorra e o próprio Dourado. 
Fomos presenteados com a lua cheia durante nosso passeio, o que rendeu boas fotos. Em uma das noites também contamos com um violeiro, cantando as modas pantaneiras, no melhor estilo Renato Teixeira e Almir Sater.
Flor de Aguapé
Quem já costuma pescar sabe que as fases da lua, época do ano (por conta da temperatura e regime de chuvas) costuma influenciar bastante no sucesso da pescaria. Mas nada influencia mais que ter a paciência na medida certa e a mão boa. Eu não sei se procede ou não, mas já ouvi de alguns pescadores não gostam de passar repelente ou protetor solar, porque dizem isso espanta os peixes. Não se se por conta do cheiro, ou do resíduo que fica nas mãos e acaba “contaminando” as iscas. Pelo sim, pelo não, muitos preferem não usar. Mas já aviso, negligenciar o protetor solar aqui no sol de Mato Grosso pode ser um erro. Se você achar que seu “couro” aguenta, boa sorte! Mas não recomendo. Algumas alternativas que ajudam são blusas/camisas de manga longa, chapéus de aba larga ou aqueles com protetor para o pescoço, calça comprida e tênis/botina. Óculos de sol também é bom não esquecer, porque além do sol tem o reflexo da água que incomoda e queima tanto quanto. Algo muito importante a se verificar antes de partir para qualquer pescaria é checar quando é a época de reprodução dos peixes (piracema), período em que a pesca fica proibida. Nos rios de Mato Grosso a Piracema começou em 1º de outubro de 2016 e encerra no próximo dia 31 de janeiro de 2017. Quem desrespeitar a lei pode ser multado em até 100 mil reais (as informações foram colhidas no site do Governo do Estado de MT). Em Mato Grosso, também é proibida a pesca do Dourado, pois está em risco de extinção em nossos rios. Como são informações muito dinâmicas, devem ser checadas com frequência pois podem sofrer alterações de um ano para o outro.
Lua cheia
 
Pôr-do-sol
 
Para esse post contei também coma  consultoria do meu pai e meu irmão que são meus pescadores preferidos.