domingo, 29 de janeiro de 2017

LA MITAD DEL MUNDO


Minha primeira experiência de viagem na América do Sul foi para o Equador. Tenho que dizer que sentia um certo receio de turistar pelos nossos vizinhos, por questões de segurança principalmente. Mas constatei que eu estava enganada (ainda bem!). Já havia estado na Europa e no Canadá, então a minha referência de segurança estava um tanto alta, considerando esses lugares. Mas poxa! Sou brasileira né! E, na minha opinião, brasileiro é safo em qualquer lugar do mundo. E nosso país, infelizmente, não é exemplo de segurança pra ninguém. Mas o empurrãozinho que faltava para partir para essa viagem foi o convite de um amigo que estava morando em Quito. Já era a segurança que eu precisava!
Além da minha primeira vez visitando um país da América do Sul, foi também a primeira vez em contato com altas altitudes. A capital, Quito, fica mais ou menos a 2.850m do nível do mar. Bem alto considerando que Cuiabá está a apenas 160m. Praticamente nível do mar, sem mar por aqui. (risos) Programei a viagem de uma semana no Equador. Quando cheguei, era meio de semana e meu amigo estava trabalhando, precisava me virar sozinha nos primeiros dias. Ele deixou uma caixa de chá de coca ao meu dispor, um dos recursos mais populares para tentar rebater os efeitos da altitude, me deu algumas coordenadas, e foi bem fácil pois ele estava morando num lugar próximo ao centro histórico, e estando no centro já há bastante o que ver e fazer. Como cheguei perto da hora do almoço, tirei o resto do dia para descansar, acostumar com a altitude e começar desbravar a cidade no dia seguinte.
Meus dias começavam tomando meu chá de coca, meu café da manhã e só então partia para explorar. Opa, ladeira abaixo tranquilo, já nas subidas faltava o fôlego. E não tem um palmo plano naquela cidade! Engraçado foi ver uma nativa, com uma criança amarrada nas costas, um cesto na cabeça e subindo a ladeira sem esboçar qualquer sofrimento......tudo é uma questão de genética e adaptação! Infelizmente não tenho foto. Primeiro saí apenas para fazer um reconhecimento. Não levei minha máquina fotográfica, que é um pouco grande, preferi sentir a vibe do lugar antes de me expor. Ou você sairia de cara com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço em plena Praça da Sé em São Paulo? Acho que não né... ainda mais sozinha.
Quito é uma cidade grande como outra qualquer. Com seu centro histórico, com a parte dos prédios modernos (área onde fica o escritório que meu amigo trabalhava), com shopping centers, parques, praças e um transporte público bastante organizado. Curiosamente, a moeda utilizada no Equador é o Dólar americano. E mesmo sendo dólar, achei tudo muito barato por lá. O passe do coletivo custava centavos de dólar. Tudo bem que estive lá em 2011, e o câmbio naquela época estava bem mais favorável pra quem ganha em R$ e quer gastar em USD. Mas ainda sim, considerando a cotação de hoje, a conversão continuaria convidativa.
No centro visitei a Plaza de Armas (toda cidade da américa espanhola que visitei até hoje tem uma praça com esse nome!). De frente para essa praça fica o palácio do Governo, onde o presidente Rafael Correa dá o ar da graça uma vez por semana. Hasteiam a bandeira, uma fanfarra toca o hino e ele faz um breve discurso. Foi nesse dia que aproveitei pra ir com a minha câmera e tirar algumas fotos. A praça estava lotada de pessoas, sendo locais e turistas, mas o policiamento também era ostensivo. Perto dessa praça também ficam algumas igrejas e a Companhia de Jesus. Outra coisa que só vejo na América do Sul, inclusive no Brasil: cobrança de entrada para visitar as igrejas. Acho o cúmulo do absurdo!!! Não são a casa de Deus?! Enfim, é uma opinião muito particular e geralmente me recuso entrar nas igrejas que taxam a visitação.
Na praça de São Francisco fica a Igreja da Companhia de Jesus, única que decidi visitar, pagando, claro. A propaganda era que seu altar e interior eram completamente folheados a ouro. Realmente belíssima, mas não eram permitidas fotografias. Ouvi dizer que é muito procurada para casamentos, ocasião única que permitem fotografar. Mas pelo que li, a grande maioria das igrejas por lá são adornadas com ouro, herança da época da colonização espanhola. No entorno dessa praça e nas adjacências também há bastante comércio, com ótimas oportunidades para comprar souvenires (sim, sou dessas que adora comprar lembrancinhas para a família e os amigos). Também há bastante gente vendendo comida na rua, papas fritas, carne de porco frita, frutillas e até porquinho da Índia assado, que eles chamam de “cuy”. Sinceramente, não tive coragem de experimentar. Quando era criança tive dois porquinhos desses de estimação, então não foi muito legal vê-los no espeto. É algo da cultura deles, criam para comer, assim como criamos galinha, por exemplo.
Durante a minha estada em quito, visitei também o Museu Guyasamin que fica na casa onde viveu esse artista Equatoriano, lá é possível conhecer a casa e seu acervo pessoal exposto com peças de arte Pré-colombiana e arte sacra. O mesmo ingresso dá direito a visitar a Capilla del Hombre, museu onde estão expostas obras do artista Oswaldo Guayasamin, ambas recomendações do meu amigo que é Belga e tão turista quanto eu. Gostei mais da parte de arte Pré-colombiana.
Ainda em Quito, mas já um pouco afastado do centro da cidade, fica La Mitad del Mundo. Fui de transporte público mesmo, 1h30 de percurso mais ou menos. O lugar é uma espécie de parque onde existe um monumento que foi erguido no lugar em que se acreditava que a linha do Equador passava. No local também fica o Museu Etnográfico de La Mitad del Mundo, um museu sobre os povos nativos do Equador. Não visitei o museu, mas o parque é um lugar legal para passear, bater umas fotos em cima da linha do Equador e almoçar.
A noite Quiteña é agitada. Fomos a uma apresentação no Teatro Sucre, que é o teatro Municipal de Quito, um prédio antigo, muito bonito. A atração da noite era uma violoncelista Canadense. Uma das noites fomos jantar no Bairro La Mariscal, confesso não me recordo o nome do restaurante, mas esse é o bairro onde ficam concentrados os bares, restaurantes e bistrôs da cidade, e tem para todo tipo de público e bolso. Um lugar que gostei muito foi a Calle de La Ronda,  uma pequena e estreita rua no centro histórico de Quito, que já foi lugar da Aristocracia, depois cracolândia e que foi recuperada e hoje ganhou vida novamente com bares e um comércio tradicional. A noite músicos populares tocam nas calçadas e servem o Canelaço. Uma espécie de caldo-de-cana (garapa) quente e alcóolico. Uma delícia, ainda mais que em Quito é sempre friozinho durante a noite. Não posso esquecer a “empanadita” que também experimentei por lá. Eles chamam empanadita, mas é maior que uma pizza gigante! Essa empanada nada mais é que uma massa de pastel frita e salpicada com açúcar e canela, mas sem recheio.
Equador também é o país dos vulcões, mas isso é assunto para o próximo post. J





6 comentários:

  1. Querida prima. Foi o espirito aventureiro que fez um sujeito chamado Guilherme Matzenbacher atravessar o oceano e adotar uma nova pátria. Este espírito esta bem incorporado por esta descendente do velho Guilherme. Viajar é mudar a alma de lugar. Viaje muito ! Beijos do primo Matz

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  2. Parabéns Karine, muito bom o seu blog. Serve de insentivo e, de certa forma, guia prá o meu próximo rumo.

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  3. Essas últimas fotos também tem um vulcão? É o mesmo cotopaxi que vc avistou no avião?

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