terça-feira, 3 de janeiro de 2017

TÁ NERVOSO? VAI PESCAR!


Bem diferente da seca, a época de cheia no Pantanal é a fase em que a vegetação está mais exuberante, e há água para todo lado. Alguns lugares o acesso fica restrito apenas às embarcações e a Transpantaneira pode ficar intransitável com tantos atoleiros ou interditada quando a água sobe demais.

Barco-hotel Santa Cruz
E se existe água em abundância, a sugestão é conhecer o Pantanal pelo meio de transporte mais adequado a esse ambiente: o BARCO. Existem várias opções de barco-hotel. Seja no Pantanal de Poconé, seja no Pantanal via Cáceres. E existem também várias categorias de barcos, dos luxuosos aos mais simples. A minha experiência foi num feriadão de Corpus Christi, portanto 4 dias embarcada. Uma van nos levou de Cuiabá até oPorto Jofre (km 147 na Transpantaneira) na quarta-feira à noite e já dormimos no barco. O barco não navega durante a noite, então zarpamos apenas no outro dia cedo. Nosso destino final rio acima era Porto Cercado, onde fica o Hotel Sesc Pantanal. Mas o que fazer 4 dias embarcado? Além de admirar a natureza, PESCAR é claro! Junto com o barco-hotel seguem vários piloteiros e várias “voadeiras”, que são aqueles barcos de alumínio com motor de popa. O barco que alugamos atendia quatro pessoas: Piloteiro mais 3.
As acomodações do nosso barco-hotel eram muito simples, mas confortáveis. Cabines com dois beliches cada e banheiro compartilhado com os hóspedes das demais cabines. Mas todos são equipados com ar condicionado (muito importante!) e telas-mosquiteiro nas janelas. Dica de sobrevivência: mantenha a porta dos quartos fechada se não quiser ser devorado pelos mosquitos durante a noite. E já aviso, eles vêm em nuvens! O barco que pegamos tinha 3 andares. Os quartos ficam no térreo. No primeiro andar fica o refeitório e a cozinha e no segundo andar o terraço, onde é claro, passamos boa parte do tempo apreciando as paisagens.
O rio que percorremos é o Rio Cuiabá. Mas no percurso passamos por vários afluentes e vários corixos e baías, que são os melhores lugares para pescar e é para onde as voadeiras levam os ansiosos pescadores. Se você não é da região e está se perguntando o que é corixo, eu explico: Corixo é um termo usado em Hidrografia que significa um canal que liga as águas de lagoas, baías, alagados com os rios próximos, ou seja, é um pequeno rio que se forma e vem desaguar em outro rio maior. São muito comuns na Amazônia e no Pantanal mato-grossense. Maio, quando estivemos lá era o momento da vazante, que acontece após grande período de cheia nos rios doPantanal, período no qual os leitos dos rios baixam e começam aparecer os corixos, ou baías, que retêm grande quantidade de peixes. Um banquete para as aves concentradas nessas regiões. (obrigada Wikipedia e Dicionário Informal pela ajuda).
Pescadores desde criancinhas....:P
Passamos também pelo Rio Piquiri, um dos famosos rios do Pantanal e afluente do rio Cuiabá. Enquanto o barco-hotel segue viagem, lentamente, os pescadores saem com as voadeiras para explorar os corixos e esses afluentes que estão pelo caminho. Piranha é o peixe certo para se pegar no pantanal, mas os mais sortudos e experientes conseguem com certeza os peixes mais nobres, como Dourados, Pintados, Pacus, Caxaras, Piraputangas e outros. Não fui das mais sortudas, o maior que peguei foi um Jaú, mas ainda fora da medida, e devolvemos o bichinho para o rio. Tanto a voadeira, o piloteiro, as iscas, tudo é possível comprar/alugar. E o nosso piloteiro, Zico, ficou tão brother que colocava as tuviras no anzol pra mim. Sim, cada peixe tem seu “petisco” preferido, que geralmente são as minhocas, tuviras, caranguejinhos, lambaris, etc. E existe também a opção de iscas artificiais que são capazes de iludir alguns peixinhos, como a Cachorra e o próprio Dourado. 
Fomos presenteados com a lua cheia durante nosso passeio, o que rendeu boas fotos. Em uma das noites também contamos com um violeiro, cantando as modas pantaneiras, no melhor estilo Renato Teixeira e Almir Sater.
Flor de Aguapé
Quem já costuma pescar sabe que as fases da lua, época do ano (por conta da temperatura e regime de chuvas) costuma influenciar bastante no sucesso da pescaria. Mas nada influencia mais que ter a paciência na medida certa e a mão boa. Eu não sei se procede ou não, mas já ouvi de alguns pescadores não gostam de passar repelente ou protetor solar, porque dizem isso espanta os peixes. Não se se por conta do cheiro, ou do resíduo que fica nas mãos e acaba “contaminando” as iscas. Pelo sim, pelo não, muitos preferem não usar. Mas já aviso, negligenciar o protetor solar aqui no sol de Mato Grosso pode ser um erro. Se você achar que seu “couro” aguenta, boa sorte! Mas não recomendo. Algumas alternativas que ajudam são blusas/camisas de manga longa, chapéus de aba larga ou aqueles com protetor para o pescoço, calça comprida e tênis/botina. Óculos de sol também é bom não esquecer, porque além do sol tem o reflexo da água que incomoda e queima tanto quanto. Algo muito importante a se verificar antes de partir para qualquer pescaria é checar quando é a época de reprodução dos peixes (piracema), período em que a pesca fica proibida. Nos rios de Mato Grosso a Piracema começou em 1º de outubro de 2016 e encerra no próximo dia 31 de janeiro de 2017. Quem desrespeitar a lei pode ser multado em até 100 mil reais (as informações foram colhidas no site do Governo do Estado de MT). Em Mato Grosso, também é proibida a pesca do Dourado, pois está em risco de extinção em nossos rios. Como são informações muito dinâmicas, devem ser checadas com frequência pois podem sofrer alterações de um ano para o outro.
Lua cheia
 
Pôr-do-sol
 
Para esse post contei também coma  consultoria do meu pai e meu irmão que são meus pescadores preferidos.

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